data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
A segunda etapa do estudo do governo estadual que faz estimativas sobre o coronavírus no Rio Grande do Sul teve dados divulgados nesta quarta. A projeção aponta 15.066 pessoas infectadas. Há diferentes formas de ver isso: 0,13% do total de gaúchos; uma pessoa infectada a cada 769; ou, ainda, 12 casos não notificados para cada caso conhecido. Na primeira fase, a estimativa era de 0,05% (5.650 casos).
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A pesquisa, que é aplicada em nove cidades, fez 500 testes em Santa Maria. Um foi positivo, o que levou à testagem de mais uma pessoa que mora com o primeiro testado e teve o mesmo diagnóstico.
Conforme a professora de epidemiologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Marinel Mór Dall'Agnol, que atua na pesquisa, a proporção do Estado (1 caso a cada 769 pessoas) pode ser aplicada na cidade observando o número de habitantes. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que a população de Santa Maria é de 282.123. A estimativa, portanto, é que haja 366 infectados na cidade. O crescimento na projeção também acompanha o cenário de aumento em casos notificados na cidade.
- A propagação mais que dobrou no Estado. A diferença pode ser apresentada como não significativa, pode parecer nada para as pessoas. Só que isso, estatisticamente, quer dizer muito. Em 15 dias, multiplicou por mais que duas vezes a proporção dos infectados - explica.
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Ainda segundo a pesquisa, houve um aumento significativo das pessoas que passaram a sair de casa diariamente: eram 20,6% dos pesquisados na primeira consulta e, agora, 28,3%. O crescimento nas estimativas de casos e redução do isolamento faz com que a professora mantenha um posicionamento acerca da medida.
- Os casos notificados são quem faz exame, que são profissionais da saúde, casos graves ou quem pode pagar. Não são considerados casos leves e assintomáticos que a projeção indica. Esses casos são de sete a 15 dias atrás e poderiam estar circulando e infectando outras pessoas. Temos que manter o isolamento, não ficar só no dado estatístico. Em caso de epidemia, se a amostra fosse maior, o aumento seria ainda maior - defende.
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FLEXIBILIZAÇÃO
O mesmo estudo, entretanto, também serve como argumento para quem defende a flexibilização do isolamento. Isso porque esta etapa apresentou a taxa de letalidade estimada do vírus no Estado.
O dado oficial da Secretaria Estadual de Saúde é de 3.7% (50 mortes em 1.368 confirmados). De acordo com a projeção de 15.066 pessoas infectadas, a taxa cairia para 0,33% (aproximadamente uma morte a cada 300 casos). No vídeo de divulgação dos resultados, o governador Eduardo Leite (PSDB) defendeu que as causas de mortes suspeitas são apuradas mesmo que não seja imediato, o que garantiria a notificação de óbitos e a projeção correta.
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Na quinta, o governador deve anunciar mais detalhes sobre o distanciamento controlado que será adotado no Estado. A depender da análise de cada região, o isolamento pode ser flexibilizado em partes do Estado. Com base nas taxas de letalidade, o médico infectologista Fábio Lopes Pedro defende a flexibilização.
- Deu de isolamento amplo. Assim esperamos que definam - afirma.
Em entrevista anteriormente ao Diário, ele comentou o primeiro mês de atuação do poder público e da população diante da pandemia. Segundo o médico, pacientes de outras doenças acabam isolados e com prejuízo em seus tratamentos.
- Pacientes estão deixando de ir aos médicos de rotina, fazer suas coisas de controle. Por exemplo, a quimioterapia atrasa, o paciente que tem problema no coração infarta, diabético descontrola? Notamos que enrolar demais não é uma boa estratégia também - comentou.
Mesmo com o isolamento flexibilizado, o uso de máscara deve ser mantido, o que é obrigatório por decreto municipal para circulação em ambientes fechados.
*Colaborou Leonardo Catto